quarta-feira, 26 de outubro de 2011

“Estamos produzindo pedófilos?”



Conteúdo misógino, homofóbico e heteronormativo das mídias preocupa pesquisadores
10/10/2011
As idéias expostas pelos pesquisadores que participaram no dia 6 de outubro do primeiro seminário internacional de “Gênero, Sexualidade e Mídia” da UNESP Bauru convergiram para a mesma conclusão: a mídia não é instrumento representativo da realidade, mas sim um ator social, produtor da informação que sugere tendências culturais da sociedade.
Durante o debate, que tinha como tema “Mídia, gênero e violência”, ficou claro que as mídias enfrentam uma dificuldade em localizar o sujeito das ações noticiadas diariamente. Segundo ressaltou o debatedor da mesa-redonda, Luís Antonio Francisco de Souza (UNESP – Marília), a mídia deliberadamente estigmatiza sujeitos como algozes, vítimas, etc. Para ele, o que falta é estudar mais a mídia, para que as notícias não se baseiem em ‘caricaturas’ da sociedade, mas na sociedade realmente.
A professora Tatiana Landini, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP - Guarulhos), fez uma análise histórica da maneira como a mídia impressa trata o tema da violência. Para isso, ela pesquisou o jornal “O Estado de S. Paulo” e comparou notícias das décadas de 1910 e 1920 com as veiculadas nos anos 90. “No início do século XX, a mídia relevou qualquer definição da sociologia sobre estupro, prostituição e crimes contra a honra, os mais noticiados neste período”, explica Landini. No início dos anos 90 outros temas foram introduzidos, como a pornografia infantil e a pedofilia. A forma de tratamento dos assuntos, no entanto, mudou. “Ao invés de julgar moralmente, a mídia passa a assumir uma postura de distanciamento, em busca da neutralidade nas notícias”, concluiu a professora. Essa pode ser a principal causa da ausência do sujeito da ação nos textos dos jornais.
Em seguida, Jane Felipe, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero (GEERGE), um dos mais antigos do Brasil, explicou que o conceito de “gênero”, em sua essência, já rejeita a natureza do comportamento humano. Sob o curioso título “Vinde a mim as criancinhas: pedofilização e a construção de gênero nas mídias contemporâneas”, a pesquisadora sugeriu que, através da erotização infantil e a construção dos conceitos de masculinidade e feminilidade, os meios de comunicação podem estar até mesmo induzindo à formação de pedófilos na sociedade. Para ilustração do erotismo na figura da criança e do adolescente, Jane surpreendeu o público com imagens de jogos como “Babá safada” e “Enfermeira impertinente” (disponíveis online no site: http://www.ogigames.com/), que mostram mulheres como objeto de desejo.
A professora Heloísa Pait, da UNESP de Marília, aqueceu ainda mais o debate. Ela resgatou o conceito de globalização do historiador britânico Niall Ferguson para falar do papel do jovem nas mídias atuais, em especial na internet. “As atuais manifestações promovidas pelos jovens adquire um papel difuso, não se sabe a origem da insatisfação”, defendeu Pait, se referindo a movimentos provenientes das redes sociais. A pesquisadora disse ainda que, no caso do Brasil, a afluência desses movimentos é limitada pela carência de informação em diversos setores. “A gente tende a condenar sempre qualquer tipo de censura no Brasil, por isso é difícil controlar o conteúdo da internet no nosso país”, completou Heloísa, confessando a polêmica causada por tal afirmação.
O caso das viúvas de Bauru
A condição de “viuvez súbita” vivenciada por duas mulheres nos anos de 1915 e 1934. Esse foi o objeto de pesquisa da professora Lídia Maria Vianna Possas, da UNESP de Marília, junto com o Grupo de Pesquisa “Cultura e Gênero” e do Laboratório Interdisciplinar de Estudos de Gênero. A pesquisa partiu da documentação de fragmentos do jornal “Comércio de Bauru”, em 1915, e da Revista “Ouro Verde”, em 1934, que circulavam no município. Assim, ela avaliou a diferença de representação entre as duas viúvas bauruenses em anos distintos.
Na mesa-redonda do período da noite, também participou a professora Miriam Adelman, da Universidade Federal do Paraná. Ela expôs sua pesquisa “Peões e prendas”, sobre as relações de gênero nos esportes eqüestres e a representação feminina na revista “Tchê Campeiro”, produzida no interior do Paraná.
Outro participante foi o professor Leandro Colling, da Universidade Federal da Bahia, com a pesquisa “A representação de personagens não-heterossexuais nas novelas da Rede Globo”, realizada em conjunto com o grupo de pesquisa em Cultura e Sexualidade. A análise recaiu sobre 10 novelas da emissora, como “Torre de Babel”, “Suave Veneno” e “Páginas da Vida”.
A pesquisa completa pode ser acessada pelo site http://www.cult.ufba.br/cus. As pesquisas acima foram apresentadas na mesa-redonda “Narrativas midiáticas, gênero e cotidiano” no dia seis, às sete da noite, no I Seminário Internacional “Gênero, Sexualidade e Mídia”.
O evento ocorreu nos dias seis e sete e é organizado pela professora Larissa Pelúcio (da UNESP Bauru) e pelo professor Luís Antônio Francisco de Souza (da UNESP de Marília).

Fonte: UNESP

PEDOFILIA É CRIME, DENUNCIE. DISQUE 100!

4 comentários:

  1. cada dia que passa aumenta vergonha de ser brasileiro

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  2. A verdade é que a globalizaçao e as redes sociais só vieram a facilitar a vida de pessoas que utilizam estes recusos para meios obscuros... Infelizmente

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  3. Exelente matéria... lia Arantes sempre surpreendendo O esquecido caso das "Viuvas de Bauuru", muitop bem lembrado aqui. Nosso Brasil nao tem memória... A pedofilia avança ascandalosamente...
    Professor Ribeiro - SP

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  4. Mundo muito cruel o nosso, doe saber que nós mães corremos este risco sempre com nossos filhos... Como bem diz na abertura do seu blog um pedófilo pode morar ao meu lado!
    Suas matérias apesar de tristes nos ajuda a atentar para esta verdade oculta que nos assombra.

    Maria de Fatima

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